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Por que está mais difícil se desenvolver e o que você pode fazer


Photo by Andrew Wulf on Unsplash


"Não existe um ponto final na educação. Não é passando numa prova que se termina a educação. A vida como um todo, do momento que você nasce ao momento em que morre, é um processo de aprendizagem." - Jiddu Krishnamurti

Anúncios de cursos, recomendações de livros milagrosos, promessas de aprender um assunto em uma semana.

Dizem que todo dia um malandro e um otário saem de casa. Quando eles se encontram, dá negócio. Talvez você já tenha atuado em diferentes lados desse ditado, mas, hoje, a nossa ansiedade e o medo de estar perdendo algo (o já famoso FOMO - fear of missing out) nos coloca facilmente como presas de uma indústria que nos promete um desenvolvimento capaz de acelerar a nossa carreira (ou algum slogan do tipo).

Isso não é por acaso. A disponibilidade de conteúdo que a internet nos permite acessar também é a mesma que nos faz perceber o quanto de conhecimento sempre esteve aí e nós nunca soubemos. Se, por um lado, isso é encantador e nos mostra o quanto podemos aprender o que quisermos, por outro, torna muito difícil decidir o que é melhor para o nosso desenvolvimento, seja para ser uma pessoa melhor ou um profissional melhor.

Abaixo, algumas possíveis explicações para isso e o que podemos fazer para tornar a aprendizagem um processo rico, eficaz e orientado pelo que realmente nos move:


1. Desenvolvimento não é linear

Por mais que a maioria de nós tenha tido uma educação linear (divisão das turmas por idade e mesmo conteúdo para todos, por exemplo), isso reflete cada vez menos a realidade. Na prática, aprendemos Assumir que o aprendizado vem de diferentes estímulos é fundamental.

Dicas:

  • Preocupe-se menos em "terminar" os livros que você lê e mais em pegar o que você quer aprender dele e seguir em frente. Mais importante que postar quantos livros você leu em um ano é saber o quanto você realmente aprendeu com eles.

  • Fazer uma graduação ou pós-graduação é ótimo, mas ter uma comunidade de aprendizado com quem você se identifica e compartilha conhecimento é cada vez mais importante. Por exemplo, eu, Pedro Nascimento e Leonardo Gomes nos reunimos quinzenalmente às quartas à noite apenas para falar sobre o que estamos aprendendo sobre Estoicismo com leituras e com a vida real. Recomendo.


2. Muito conteúdo, pouca curadoria

Quantos livros você já comprou e nunca leu? Quantos cursos você quer fazer e não acha tempo? Toda a ansiedade que essas perguntas geram não é por acaso. A falta de conteúdo que antes nos matava de sede, agora nos afoga. O acesso a um conhecimento praticamente infinito na internet nos coloca no paradoxo da escolha constante que drena nossa energia e, no final, acabamos estudando menos.

Dicas:

  • Priorize o que você quer aprender e foque em um desafio de cada vez.

  • Tenha um bom repositório de leituras para cuidar da ansiedade intelectual. Eu sou fã incondicional do Pocket, um app em que você vai salvando tudo o que te mandam e depois você abre e vê o que realmente é importante ler.


3. Acumular conhecimento é diferente de saber usá-lo

Com a volatilidade toma conta do mundo, dominar um determinado assunto não só não te garante a adaptabilidade em caso de mudanças como também pode esse conhecimento, por si só, bloquear o seu desejo de aprender algo novo e de abrir a mente para novas ideias.

Dicas:

  • Escolha alguns temas que são importantes para você e foque neles. Você não vai morrer se não ler o livro que todo mundo está lendo. Na verdade, se todo mundo está lendo, talvez nem valha a pena ler.

  • Mais vale focar em criar um tipo de conhecimento autêntico do que se pasteurizar. Na dúvida, leia sobre o que você gosta, independente dos temas. Aos poucos, os pontos se conectam e você desenvolve algo único.

  • Conhecimento é saber algo. Sabedoria é saber quando e como aplicar o conhecimento e entender suas consequências no longo prazo.


Trabalhando com mais de cem empresas em projetos de desenvolvimento humano, fui percebendo, aos poucos, que a tentativa de padronizar a educação corporativa e a ansiedade que leva à busca por soluções rápidas, baratas e sem considerar o contexto de cada pessoa e a cultura faz com que, em vez de se resolver o problema em questão (o desenvolvimento das pessoas), na verdade, o torna ainda pior. Por isso, é importante entender que o papel das empresas está mais em ajudar a pessoa em conhecer a biblioteca do que a dizer quais livros devem ser lidos.

No fim das contas, o que importa é fazer com que o desenvolvimento seja um processo ativo ("Desenvolvo os meus talentos a partir do meu propósito") do que passivo ("Desenvolvo aquilo que outras pessoas dizem que eu devo desenvolver"). Isso não significa que você não deve acolher feedbacks e visões diferentes da sua, mas sim que seu processo de aprendizagem é algo que ninguém pode fazer por você.

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