Por que está mais difícil se desenvolver e o que você pode fazer
- ryoichipenna
- 18 de abr. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 5 de abr. de 2023

Photo by Andrew Wulf on Unsplash
"Não existe um ponto final na educação. Não é passando numa prova que se termina a educação. A vida como um todo, do momento que você nasce ao momento em que morre, é um processo de aprendizagem." - Jiddu Krishnamurti
Anúncios de cursos, recomendações de livros milagrosos, promessas de aprender um assunto em uma semana.
Dizem que todo dia um malandro e um otário saem de casa. Quando eles se encontram, dá negócio. Talvez você já tenha atuado em diferentes lados desse ditado, mas, hoje, a nossa ansiedade e o medo de estar perdendo algo (o já famoso FOMO - fear of missing out) nos coloca facilmente como presas de uma indústria que nos promete um desenvolvimento capaz de acelerar a nossa carreira (ou algum slogan do tipo).
Isso não é por acaso. A disponibilidade de conteúdo que a internet nos permite acessar também é a mesma que nos faz perceber o quanto de conhecimento sempre esteve aí e nós nunca soubemos. Se, por um lado, isso é encantador e nos mostra o quanto podemos aprender o que quisermos, por outro, torna muito difícil decidir o que é melhor para o nosso desenvolvimento, seja para ser uma pessoa melhor ou um profissional melhor.
Abaixo, algumas possíveis explicações para isso e o que podemos fazer para tornar a aprendizagem um processo rico, eficaz e orientado pelo que realmente nos move:
1. Desenvolvimento não é linear
Por mais que a maioria de nós tenha tido uma educação linear (divisão das turmas por idade e mesmo conteúdo para todos, por exemplo), isso reflete cada vez menos a realidade. Na prática, aprendemos Assumir que o aprendizado vem de diferentes estímulos é fundamental.
Dicas:
Preocupe-se menos em "terminar" os livros que você lê e mais em pegar o que você quer aprender dele e seguir em frente. Mais importante que postar quantos livros você leu em um ano é saber o quanto você realmente aprendeu com eles.
Fazer uma graduação ou pós-graduação é ótimo, mas ter uma comunidade de aprendizado com quem você se identifica e compartilha conhecimento é cada vez mais importante. Por exemplo, eu, Pedro Nascimento e Leonardo Gomes nos reunimos quinzenalmente às quartas à noite apenas para falar sobre o que estamos aprendendo sobre Estoicismo com leituras e com a vida real. Recomendo.
2. Muito conteúdo, pouca curadoria
Quantos livros você já comprou e nunca leu? Quantos cursos você quer fazer e não acha tempo? Toda a ansiedade que essas perguntas geram não é por acaso. A falta de conteúdo que antes nos matava de sede, agora nos afoga. O acesso a um conhecimento praticamente infinito na internet nos coloca no paradoxo da escolha constante que drena nossa energia e, no final, acabamos estudando menos.
Dicas:
Priorize o que você quer aprender e foque em um desafio de cada vez.
Tenha um bom repositório de leituras para cuidar da ansiedade intelectual. Eu sou fã incondicional do Pocket, um app em que você vai salvando tudo o que te mandam e depois você abre e vê o que realmente é importante ler.
3. Acumular conhecimento é diferente de saber usá-lo
Com a volatilidade toma conta do mundo, dominar um determinado assunto não só não te garante a adaptabilidade em caso de mudanças como também pode esse conhecimento, por si só, bloquear o seu desejo de aprender algo novo e de abrir a mente para novas ideias.
Dicas:
Escolha alguns temas que são importantes para você e foque neles. Você não vai morrer se não ler o livro que todo mundo está lendo. Na verdade, se todo mundo está lendo, talvez nem valha a pena ler.
Mais vale focar em criar um tipo de conhecimento autêntico do que se pasteurizar. Na dúvida, leia sobre o que você gosta, independente dos temas. Aos poucos, os pontos se conectam e você desenvolve algo único.
Conhecimento é saber algo. Sabedoria é saber quando e como aplicar o conhecimento e entender suas consequências no longo prazo.
Trabalhando com mais de cem empresas em projetos de desenvolvimento humano, fui percebendo, aos poucos, que a tentativa de padronizar a educação corporativa e a ansiedade que leva à busca por soluções rápidas, baratas e sem considerar o contexto de cada pessoa e a cultura faz com que, em vez de se resolver o problema em questão (o desenvolvimento das pessoas), na verdade, o torna ainda pior. Por isso, é importante entender que o papel das empresas está mais em ajudar a pessoa em conhecer a biblioteca do que a dizer quais livros devem ser lidos.
No fim das contas, o que importa é fazer com que o desenvolvimento seja um processo ativo ("Desenvolvo os meus talentos a partir do meu propósito") do que passivo ("Desenvolvo aquilo que outras pessoas dizem que eu devo desenvolver"). Isso não significa que você não deve acolher feedbacks e visões diferentes da sua, mas sim que seu processo de aprendizagem é algo que ninguém pode fazer por você.
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